Parasitas e TDAH

Parasitas e TDAH: Uma Conexão Inesperada?

O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é uma condição neuropsiquiátrica que afeta milhões de pessoas em todo o mundo, caracterizada por desatenção, hiperatividade e impulsividade. Embora suas causas sejam complexas e multifatoriais, pesquisas recentes têm explorado uma conexão surpreendente: a possível relação entre infecções parasitárias e o TDAH. Será que pequenos invasores podem influenciar a forma como nossos cérebros funcionam?

Vamos mergulhar nos achados mais recentes:

O Impacto dos Parasitas Intestinais nas Ondas Cerebrais Infantis:

Um estudo intrigante investigou a relação entre parasitas intestinais e as mudanças nas ondas cerebrais em crianças. Sabe-se que infecções parasitárias podem estar ligadas a desafios de aprendizagem e outros distúrbios.

A pesquisa revelou que crianças com infecções parasitárias apresentaram uma incidência muito maior de ondas cerebrais theta elevadas em comparação com crianças saudáveis.

Ondas theta anormais podem estar associadas à lentidão mental, dificuldades de aprendizagem e, potencialmente, ao TDAH. Isso sugere que, embora os mecanismos exatos ainda não sejam claros, a presença de parasitas intestinais pode influenciar a atividade cerebral, afetando a função cognitiva e comportamental.

O Elusivo Toxoplasma gondii e o Risco de TDAH:

Outro parasita que tem atraído a atenção dos pesquisadores é o Toxoplasma gondii (T. gondii). Este parasita neurotrópico, que pode infectar o cérebro, é incrivelmente comum, afetando cerca de 30% da população mundial.

Um estudo de caso-controle em adultos investigou a seropositividade (presença de anticorpos, indicando exposição prévia) para T. gondii, bem como a serointensidade (quantidade de anticorpos) e a avidez (força da ligação dos anticorpos, que pode indicar o tempo da infecção) em pacientes adultos com TDAH.

Os resultados foram notáveis:

• Indivíduos soropositivos para T. gondii tiveram um risco 2,8 vezes maior de ter TDAH em adultos.
• A gravidade dos sintomas de TDAH autoavaliados foi significativamente associada à seropositividade, bem como a títulos mais elevados de anticorpos (maior serointensidade) e maior avidez.
• Especificamente, a hiperatividade mostrou uma associação significativa com a serointensidade, sugerindo que uma infecção latente pode influenciar diretamente a manifestação dos sintomas.

Este estudo em adultos é o primeiro a indicar um impacto clínico da infecção latente por T. gondii nos sintomas de TDAH, sugerindo que a presença do parasita pode agravar a condição, dependendo da intensidade e cronicidade da infecção.