Parasitas e Câncer

Parasitas e Câncer

Parasitas podem promover o câncer ao modular o sistema imunológico do hospedeiro, gerando inflamação crônica que estimula mutações e proliferação celular descontrolada. Eles produzem moléculas que causam estresse oxidativo, levando a danos no DNA de células hospedeiras. Além disso, desencadeiam alterações em vias de sinalização celular ligadas a crescimento, sobrevivência e diferenciação, favorecendo a transformação maligna.

O processo de reparo tecidual, induzido por infecções persistentes, contribui para a formação de microambientes pró-tumorais. A supressão de mecanismos de defesa antitumoral do hospedeiro também facilita o surgimento e a progressão de tumores.

Possíveis Meios para o Desenvolvimento de Câncer pelos Parasitas

Os parasitas podem contribuir para a carcinogênese por meio de múltiplos mecanismos, que incluem:

  • Dano e Alteração do DNA: As EROs e ERNs geradas durante a inflamação podem induzir mutações no DNA, quebras de fita e instabilidade genômica. Alguns parasitas também podem secretar substâncias que interagem diretamente com o DNA ou afetam a maquinaria de reparo do DNA do hospedeiro, aumentando o risco de mutações em oncogenes e genes supressores de tumor.
  • Estresse Oxidativo: A resposta imune do hospedeiro contra os parasitas gera estresse oxidativo, que pode danificar proteínas, lipídios e ácidos nucleicos, contribuindo para a transformação celular.
  • Proliferação Celular Anormal: A inflamação e os fatores de crescimento liberados em resposta à infecção podem estimular a proliferação excessiva de células, aumentando a probabilidade de acúmulo de mutações e o desenvolvimento de neoplasias.
  • Produtos Derivados do Parasita: Algumas moléculas ou secreções dos parasitas podem ter efeitos diretos sobre as células do hospedeiro, promovendo seu crescimento, inibindo a apoptose (morte celular programada) e facilitando a angiogênese (formação de novos vasos sanguíneos, essencial para o crescimento tumoral). Por exemplo, a granulina e tioredoxina de trematódeos hepáticos.
  • Modulação da Resposta Imune: Parasitas podem modular a resposta imune do hospedeiro de forma a suprimir a vigilância imunológica contra células pré-cancerosas ou promover um ambiente que favoreça o crescimento tumoral. Um exemplo notável é a malária, que pode suprimir a imunidade de células T específicas para o vírus Epstein-Barr (EBV), um cofator no linfoma de Burkitt.

A Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC) já vem alertando e até classificando alguns parasitas pelo grau de classificação carcinogênico, baseado nos indícios e resultados de vários trabalhos e estudos científicos.

Tabela: Parasitas e sua Relação com o Câncer

 

Nome do Parasita Órgão de Infecção Principal Tipo de Câncer Associado Grau de Classificação Carcinogênese (IARC) Meio de Transmissão para o Homem
Schistosoma haematobium Bexiga urinária Carcinoma de células escamosas da bexiga Grupo 1 (Carcinogênico para Humanos) Contato com água contaminada por larvas (cerkárias)
Schistosoma japonicum Fígado, cólon Carcinoma hepatocelular, câncer colorretal Grupo 2B (Possivelmente Carcinogênico) Contato com água contaminada por larvas (cerkárias)
Schistosoma mansoni Fígado, cólon Carcinoma hepatocelular (em coinfecção com HCV), adenocarcinoma prostático, câncer colorretal Não classificado diretamente pela IARC como carcinógeno do Grupo 1 ou 2B, mas associado Contato com água contaminada por larvas (cerkárias)
Opisthorchis viverrini Ductos biliares Colangiocarcinoma Grupo 1 (Carcinogênico para Humanos) Ingestão de peixe de água doce cru ou malcozido infectado
Clonorchis sinensis Ductos biliares Colangiocarcinoma Grupo 1 (Carcinogênico para Humanos) Ingestão de peixe de água doce cru ou malcozido infectado
Opisthorchis felineus Ductos biliares Colangiocarcinoma Associação proposta, mas não classificada diretamente pela IARC Ingestão de peixe de água doce cru ou malcozido infectado
Plasmodium falciparum Sangue (Cofator) Linfoma de Burkitt (em coinfecção com EBV) Não classificado como carcinógeno direto, mas como cofator Picada de mosquito Anopheles infectado
Strongyloides stercoralis Intestino (Cofator) Câncer colorretal, adenocarcinoma gástrico precoce (possível cofator, especialmente com HTLV-1) Não classificado diretamente pela IARC Contato da pele com solo contaminado por larvas filariformes
Trypanosoma cruzi Esôfago, cólon, coração Câncer gastrointestinal (especialmente megaesôfago e megacólon), leiomiossarcoma Associação proposta, mas não classificada diretamente pela IARC; possui também atividade anticâncer Picada de inseto triatomíneo ("barbeiro") infectado, transfusão sanguínea, transplante de órgãos, transmissão congênita, ingestão de alimentos contaminados

 

 

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